Era um domingo e o trem estava cheio no sentido zona sul de São Paulo,
na linha paralela ao Rio Pinheiros. Faltavam menos de duas estações para que eu desembarcasse e o pensamento estava longe, quando acordo com um toque de um
rapaz. “Por favor, você pode dar o lugar para essa senhora?”, perguntou um moço
de terno, gravata e com fones de ouvido.
Não pensei muito, levantei e cedi o
lugar, pensando que faltava pouco para descer. Mas, será que não
deveria ter ficado atento e dado o lugar antes para a senhora? Foi tão fácil me convencer.
Será que foi porque eu estava errado. Há muito defini que se não estou nos
lugares reservados, aqueles de cor diferente, não me levanto. Faço exceções em casos extremos, quando vejo que a
situação é urgente. Porém, isso é bem mesquinho e egoísta, não é? Mas e o direito de chegar antes...
“Desculpe ter incomodado”, me interrompe do devaneio o
mesmo rapaz que pediu para que eu me levantasse. “Eu, hoje, não tenho mais mãe,
vivo só eu e minha esposa, e levo muito em consideração as senhoras. Acho que é
porque não tem como fazer isso pela minha mãe. Desculpe mesmo, Deus te abençoe”.
“Não foi nada”, digo, meio sem jeito, enquanto desço na estação seguinte.
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