sexta-feira, 5 de novembro de 2010

Resolver sem resolver

Moradores de rua são "expulsos" de fachada de banco
Imagem: Kelly Cerqueira

Rua Boa Vista, região central de São Paulo, próximo da Igreja São Bento. Local de bonitas arquiteturas, grandes edifícios como o Martinelli (um dos maiores do Brasil e que possibilita visita gratuita de turistas durante o dia), além de bancos e mais bancos. É até por isso, local em que se encontra parte do coração financeiro da maior cidade do Brasil, principalmente, por ser próximo da Bolsa de Valores de São Paulo (Bovespa).

É nela em que pessoas geram grande movimento comercial, trabalham no ritmo frenético durante o dia. Mas quem fica por lá à noite?

É aí que começa a outra realidade. Hora em que migram de muitos cantos, os moradores de rua, que sem ter onde ficar, se aproveitam das calçadas dos bancos para dormir.

Quem chega mais cedo à região, para trabalhar, poderia ver mais de trinta moradores de rua embaixo de uma única cobertura de banco.

São pessoas com histórias, esquecidas, abandonadas, e que encontraram uma cobertura, uma proteção contra a chuva, e que não adiantava muito contra o frio, mas que era pelo menos coberto.

Mas quem vê a cena, deve se chocar, e pensar, a que situação o ser humano pode chegar. Outros pensariam, que é uma situação insustentável. Mas também têm àqueles que se revoltariam contra as pessoas, às taxariam de vagabundos e exigiriam das autoridades competentes imediatamente fossem remanejadas dali. E o interessante é que até quem não é nenhum pouco rico, também tenha uma visão, um tanto elitista, de querer eliminar certas mazelas.

E ninguém aceitaria um em frente a sua residência. É até normal.

Solução?

Mas o banco resolveu. Um vidro, que se tornou uma porta inicial, e é fechada no final do dia. Ela consegue pegar toda a extensão da imensa calçada. Deixa somente a parte descoberta, a parte a céu aberto livre.

Os Mendigos não estão mais por ali.

Abrigo? Provavelmente, ninguém deu um no lugar da calçada.
Resolver o problema? Para quê?

Para quem colocou o vidro o que importa é que eles sairam. E provavelmente, estão embaixo de outra cobertura. Até que alguém, "para o bem estar social" coloque um vidro que os deixem de volta às ruas.

Um comentário:

Anônimo disse...

Legal a sua análise Paulo. É bacana externar as suas reflexões sobre a cidade.Continue com esse olhar peculiar sobre os fatos.

Bem vindo

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