Marcados
e escondidos em meio à correria da Grande São Paulo, muros e paredes trazem
mais do que marcas e desenhos nas pichações. Em diversos casos, há mensagens que
vão do amor à filosofia.
“Nas flores, o mundo sorri”, diz alguém que não se
identifica em um muro perdido na Vila Pestana, em Osasco, seguido pelo complemento: “Sou aquilo que tenho de belo”. Mais a frente um aviso
extravagante. “A todos aqueles que vão atravancando meu caminho, eles passaram,
eu passarinho”.
Um tipo muito presente de mensagem são as
filosóficas: “Se vê observa; se observa repara; se repara
julga”, diria um dos pensadores dos muros. As reflexões variam e partem desde a
crítica social até algo mais abstrato. “Domingo de Sol, a beira da janela, a
dúvida: pulo ou saio voando?”.
Na rua Edvard Camilo, no Jardim Jaqueline (zona oeste de
São Paulo), um destes pensadores é Luiz. Mas quem é Luiz? “Você está feliz,
achou o Luiz”; “Onde está o Luiz?”. Ninguém sabe onde ele está, mas muitos dos
textos escritos na via tem sua assinatura e sua reflexão.
“A minha filosofia não quer mudar a sociedade. Foi criada
para mudar a mim mesmo. E eu não vou parar, porque se eu parar... a sociedade é
que terá me mudado”, rabiscou. “Sei que eu vou pagar caro por falar a verdade,
mas eu vou ficar em paz com a minha consciência”.
Verdade esta que vem em críticas a saúde e a educação, antes mesmo das manifestações que tomaram o país. “Olimpiada
2016 - Atletas vão ganhar medalhas. A saúde pública na UTI ganhará o quê?”,
questiona um “muralista”.
Nos muros de uma escola pública, um
grafite traz vencedores como o piloto Ayrton Senna e a atleta
Maurren Maggi, abaixo a frase pintada pela escola: “Formando Campeões”. Contudo, um pichador insatisfeito, quem sabe até um estudante dali, completa a frase com seu spray: “É Mentira”, deixando claro que a propaganda não é real.
No centro da cidade de Osasco, uma outra pessoa deixa bem
claro que há algo errado na metrópole. “A fumaça do progresso, sim, faz mal pro
meu pulmão”. Porém, a esperança ainda está presente nos muros de São
Paulo. “Se ficar parado diante de um túnel escuro, jamais saberá que no final
existe uma luz”.
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