segunda-feira, 1 de julho de 2013

Nos muros da Grande Sampa

Marcados e escondidos em meio à correria da Grande São Paulo, muros e paredes trazem mais do que marcas e desenhos nas pichações. Em diversos casos, há mensagens que vão do amor à filosofia.

“Nas flores, o mundo sorri”, diz alguém que não se identifica em um muro perdido na Vila Pestana, em Osasco, seguido pelo complemento: “Sou aquilo que tenho de belo”. Mais a frente um aviso extravagante. “A todos aqueles que vão atravancando meu caminho, eles passaram, eu passarinho”.


Nos filmes, casais deixam suas marcas em árvores. Por aqui, cabem as paredes o aviso de “Ju, eu te amo”, "Mayara, eu te amo", "Katia, eu te amo", enquanto um desiludido sentencia em uma parede: "Um homem apaixonado é um homem condenado".

Um tipo muito presente de mensagem são as filosóficas: “Se vê observa; se observa repara; se repara julga”, diria um dos pensadores dos muros. As reflexões variam e partem desde a crítica social até algo mais abstrato. “Domingo de Sol, a beira da janela, a dúvida: pulo ou saio voando?”.

Na rua Edvard Camilo, no Jardim Jaqueline (zona oeste de São Paulo), um destes pensadores é Luiz. Mas quem é Luiz? “Você está feliz, achou o Luiz”; “Onde está o Luiz?”. Ninguém sabe onde ele está, mas muitos dos textos escritos na via tem sua assinatura e sua reflexão.

“A minha filosofia não quer mudar a sociedade. Foi criada para mudar a mim mesmo. E eu não vou parar, porque se eu parar... a sociedade é que terá me mudado”, rabiscou. “Sei que eu vou pagar caro por falar a verdade, mas eu vou ficar em paz com a minha consciência”.

Verdade esta que vem em críticas a saúde e a educação, antes mesmo das manifestações que tomaram o país. “Olimpiada 2016 - Atletas vão ganhar medalhas. A saúde pública na UTI ganhará o quê?”, questiona um “muralista”.


Nos muros de uma escola pública, um grafite traz vencedores como o piloto Ayrton Senna e a atleta Maurren Maggi, abaixo a frase pintada pela escola: “Formando Campeões”. Contudo, um pichador insatisfeito, quem sabe até um estudante dali, completa a frase com seu spray: “É Mentira”, deixando claro que a propaganda não é real.

No centro da cidade de Osasco, uma outra pessoa deixa bem claro que há algo errado na metrópole. “A fumaça do progresso, sim, faz mal pro meu pulmão”. Porém, a esperança ainda está presente nos muros de São Paulo. “Se ficar parado diante de um túnel escuro, jamais saberá que no final existe uma luz”.

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