sábado, 21 de setembro de 2013

Os terríveis vendedores de milho

Espalhados por cidades da Grande São Paulo, vendedores de milho têm se tornado um alvo frequente de guardas municipais. Sempre amparados na lei, na regularidade e, como dizem, pelo controle urbano, não há perdão para aquele rapaz que vende pamonha, milho cozido e delícias do milho verde. São considerados, praticamente, como inimigos do município. Uma pena. 

Em plena noite de domingo, em uma praça da zona oeste da capital paulista, a viatura para e os guardas começam a confiscar todo o material. Uma por uma, as espigas são colocadas dentro da viatura, enquanto os guardas entregam ao vendedor uma senha, ou algo para que ele busque, algum dia, reaver seu material. Mas é possível reaver o milho cozido em outro dia? Ou será que o material serve apenas para uma boquinha?

Pratinhos, garfos, guardanapos. Tudo vai sendo colocado um a um no carro. Eles pensam e repensam em pegar a panela, mas não sabem como. No final, desistem, mas fazendo questão de levar até aqueles que ainda estavam em cozimento.

Ao redor, alguns moradores ficam revoltados, expressam que é uma sacanagem. Ao rapaz, um rosto desolado, depois do prejuízo da noite. Restou apenas levar seu carrinho vazio embora.

Já em Osasco, a piedade em deixar o carrinho não foi a mesma. Para isso, um caminhão da secretaria de Habitação e Controle Urbano foi chamado. Próximo ao Largo de Osasco, ponto conhecido pelo número de vendedores ambulantes e pelo comércio aquecido, eles  pegaram uma vendedora, apenas uma. Ela reagiu, gritou, xingou. Mas tudo, inclusive o carrinho, foi levado.

Ao redor, alguns xingavam os guardas municipais, que não respondiam. “São paga pau do prefeito”. Outro citou até o julgamento do mensalão. “Esses ninguém prendem”. "Pra prender ladrão, não tem ninguém". Após a saída do caminhão, os guardas municipais ficaram circulando. A ambulante, desamparada, continuou seguindo-os, reclamando do trabalho usurpado, em função de alguma licença que ela não tinha.

Mas o que importa não é resolver a situação da vendedora, o valor que ela tinha, a família dela, porque ela estava ali. Primeiro confisque-se, depois vamos ver. À ela, cabe apenas a lei. Pelo menos é o que pensam os órgãos. Afinal, são terríveis esses vendedores, não é?


Quanto ao vendedor, outro dia ele foi visto em outro ponto da zona oeste, com seu carrinho e seu milho verde, sempre útil para quem está com fome na correria paulistana. E ele ficará por lá, até que a guarda o encontre e cisme novamente com ele. 

terça-feira, 23 de julho de 2013

Você pode se levantar?

Era um domingo e o trem estava cheio no sentido zona sul de São Paulo, na linha paralela ao Rio Pinheiros. Faltavam menos de duas estações para que eu desembarcasse e o pensamento estava longe, quando acordo com um toque de um rapaz. “Por favor, você pode dar o lugar para essa senhora?”, perguntou um moço de terno, gravata e com fones de ouvido. 

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Nos muros da Grande Sampa

Marcados e escondidos em meio à correria da Grande São Paulo, muros e paredes trazem mais do que marcas e desenhos nas pichações. Em diversos casos, há mensagens que vão do amor à filosofia.

“Nas flores, o mundo sorri”, diz alguém que não se identifica em um muro perdido na Vila Pestana, em Osasco, seguido pelo complemento: “Sou aquilo que tenho de belo”. Mais a frente um aviso extravagante. “A todos aqueles que vão atravancando meu caminho, eles passaram, eu passarinho”.


segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Infelizmente, até o próximo desastre

O governo do estado de São Paulo anunciou uma parceria com a Prefeitura de São Paulo para fiscalizar locais que funcionam durante a noite. Decidiu que verá se estão legalizados e se causam algum perigo aos usuários. Seis estabelecimentos foram fechados em Osasco, na Grande São Paulo, e a prefeitura de Barueri também iniciou uma fiscalização extra.


terça-feira, 18 de dezembro de 2012

Mais um aumento

Quando era pequeno, me lembro que o preço da passagem era o mesmo que o de um Kinder Ovo. R$ 1,00. Claro que o mundo mudou, conquistas sociais foram alcançadas, aumento do salário mínimo e também a qualidade dos ônibus em que andamos. O Kinder também está bem caro.

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

Que tal um pedido de paz?

O governo do estado de São Paulo não usa as palavras paz, em nenhum momento que cita segurança. A única palavra que parece existir na frente do governador Geraldo Alckmin é enfrentar, enfrentar e enfrentar. Existe algum precedente no mundo de uma cidade que registra mais de 100 mortes em um mês por conta do tráfico de drogas? 


quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A coisa está feia

A coisa está feia”, inicia o senhor de 70 anos. “Ontem incendiaram um ônibus, fecharam as lojas, esse mundo está perdido”, afirmou sobre o que viu na TV na noite de segunda-feira. “Foram mais um monte de mortos. Os bares estão até fechando cedinho”.

E a coisa está feia mesmo pelas diversas regiões que envolvem São Paulo e seus vizinhos. Os assassinatos na madrugada assustam, principalmente, por virem sem aviso e sem um alvo definido, tirando os casos dos policiais mortos.


segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Lembranças de eleições

O tempo passa, mas o processo eleitoral continua o mesmo

Quando eu tinha seis anos, acontecia a primeira eleição da qual me lembro. Era, como neste ano, uma eleição municipal e na disputa da prefeitura de Osasco estava o então futuro prefeito, Silas Bortolosso, apoiado por Celso Giglio, que terminava seu primeiro mandato.

sábado, 20 de outubro de 2012

O primeiro café expresso


Algumas coisas deviam vir com instruções básicas, mesmo para o óbvio. Quem nunca passou por um mico com vergonha de perguntar como funcionava uma coisa que parecia simples?

Certo dia, um aprendiz de repórter foi fazer uma entrevista para o jornal universitário. Eis que a assessora simpática pergunta: “Quer um café?”. Claro. Sem dúvidas o garoto aceita, é um fã de café, toma vários copos por dia, nada como um para relaxar.



quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Osasco nas manchetes, pelas causas erradas

Osasco comemora 50 anos de emancipação em 2012. Acompanha a entrega de diversas obras ao mesmo tempo em que vê projetos parados, trânsito se tornando um problema e várias regiões em busca de melhorias importantes.

segunda-feira, 23 de julho de 2012

João Paulo declara maior limite para gastos na campanha; Celso Giglio é o mais rico


Quanto custa uma campanha para ser eleito prefeito de Osasco? Confira os valores registrados pelos atuais candidatos ao posto.

Eleição acontece em outubro. Site da Justiça Eleitoral serve para pesquisar sobre
o seu candidato.

segunda-feira, 16 de julho de 2012

Mais que futebol - Palmeiras campeão da Copa do Brasil

Betinho tocou de cabeça e é gol. Ninguém conhece bem o autor do mais importante gol da semana passada. Sabe somente que foi o gol que despertou a alegria apagada em muitos torcedores palmeirenses em mais de treze anos. As lágrimas rolaram por causa de um simples toque de cabeça.

segunda-feira, 9 de julho de 2012

E o Corinthians ganhou a Libertadores


Não houve quem tirasse dos alvinegros a festa do primeiro título da Libertadores. Não houve torcida contra capaz de evitar o troféu e, ainda, de maneira invicta. E com os gols de Anderson Shiek sobre o Boca, se perde uma das melhores piadas dos torcedores rivais, com certeza. Mas não há como não parabenizar os méritos de um time que soube usar ao máximo a sua “titebilidade”.

sábado, 30 de junho de 2012

Já pensou: Dois dias para decidir a queda do seu presidente


O noticiário nacional trouxe a queda do presidente paraguaio, Fernando Lugo, como um golpe de estado realizado pelos deputados e senadores daquele país. Mas já imaginou um processo como esse no Brasil?

Longe de apoiar um movimento que seja a favor da instalação de ditaduras, ou que beneficiem apenas o interesse de alguns poderosos, mas convenhamos, resolver um processo em dois dias, é algo que o judiciário e o legislativo do Brasil jamais chegou perto.

Imagine, Paulo Maluf, José Sarney, Demóstenes Torres, José Dirceu, dentre outros ainda mais simpáticos, terem a definição de sua queda em dois dias. Imagine, o congresso mobilizado por um objetivo, agindo em prol da nação e com a solução em apenas 36 horas. Um sonho.

Não sabemos ao certo o que aconteceu no Paraguai, nem saberemos. Mas ter uma eficiência dessa é, no mínimo, tentador. 

sexta-feira, 29 de junho de 2012

A suave voz do maquinista


Cheio, o trem não parte. A demora no intervalo faz com que mais pessoas entrem, e que a porta não seja fechada. Eis que surge a ameaça do maquinista:

― Favor, não segurem as portas, isso causa atrasos. PEENNNN, PEEENNN, Não segurem as portas.

O barulho é uma ameaça a mais. "Seja educado, pois eu posso deixá-los surdos com minha campainha", ele deve pensar. Afinal de contas ele só quer ir logo, não pretende ser a causa dos atrasos de toda a linha, sem contar que ele não tem a menor ideia do que está acontecendo com os passageiros.

domingo, 10 de junho de 2012

“Eu estou feliz porque estou voltando para casa”


Uma imagem colorida e meio embaçada abre a cena. Depois, um homem de terno marrom vem caminhando com um imenso sorriso no rosto, cantarolando.  


Porém, ao invés de "Quem quer dinheiro" ele canta com a voz grossa: ai aiaia aiaiai aiaia aaaaaa aiaia Iaiá ia Iaiá ieieieiei oooooo

sábado, 2 de junho de 2012

A viagem nossa de cada dia

Ao sair de casa, o medo começa a tomar conta de quem precisa chegar ao trabalho. Um dia antes, os trens do Metrô não funcionaram, por causa de uma paralisação dos condutores. Mas a promessa hoje era de um dia melhor. No entanto, outro fator pegou muitos de surpresa enquanto paravam no ponto de ônibus.

O primeiro sinal foi o aumento de carros indo no sentido contrário. Um trânsito intenso se desenhava, ainda no bairro. O segundo sinal foram as pessoas que não paravam de chegar nos pontos. E o terceiro, que sacramentou mais um dia turbulento, foi o motociclista que ao passar gritava.

― Ninguém vai trabalhar, ninguém vai trabalhar. Não tem ônibus hoje.

terça-feira, 29 de maio de 2012

Abandono do Residencial Nova Grécia terá solução

Às margens do Rio Tietê, estão eles, gigantes, totalmente deteriorados e em estado  de abandono. Alguns moradores compraram terrenos na região, sem ter ideia do "presente" que receberiam. Outros compraram o condomínio e até hoje esperam o ressarcimento por algo que nunca tiveram.

Atravessando o Rio Tietê. Quem sai da zona norte para o centro pela passarela
ou viadutos encontra o cartão postal negativo

domingo, 13 de maio de 2012

Coisas Centrais 3 - Entrega para o mendigo

Um homem remexe o lixo em busca de algo para comer. Com a barba grande, pele escura, roupas surradas ele olha, revira um saco e mais outro, até que finalmente encontra uma raspa de melancia. Um pedaço, uma fatia da casca verde com o restinho vermelho na parte de cima.

Ele come. Tenta comer, tenta tirar o que é possível do alimento. Não é fácil, há muito pouco de útil ali naquele pedaço. O jeito é procurar mais.

Bem vindo

Aproveite para criticar, sugerir e ver a vida do modo diferente que ela merece.