domingo, 10 de junho de 2012

“Eu estou feliz porque estou voltando para casa”


Uma imagem colorida e meio embaçada abre a cena. Depois, um homem de terno marrom vem caminhando com um imenso sorriso no rosto, cantarolando.  


Porém, ao invés de "Quem quer dinheiro" ele canta com a voz grossa: ai aiaia aiaiai aiaia aaaaaa aiaia Iaiá ia Iaiá ieieieiei oooooo

A cada sílaba falada, um sorriso ainda mais bobo, enquanto seu olhar procura a plateia e, com uma giradinha de corpo, ele aumenta e diminui a voz. O cabelo e o jeito de andar lembram Silvio Santos e o rosto é do cantor Cauby Peixoto. Nesta semana morreu o russo Eduard Khill, o mestre que interpreta Trololó.

Ele é um desses fenômenos que a internet consagra. A rede que faz de pessoas desconhecidas, gente famosa, como inúmeros grupos e cantores da atualidade. Internet que ajuda a emplacar hits de verão e cria vídeos que conseguem mais audiência do que muitos programas de TV.

Poucas vezes fica claro o que é preciso para consagrar algo como espetáculo virtual: às vezes é o inusitado, o engraçado, uma boa rima, ou simplesmente o som. Foi o que aconteceu com o Trololó.

Na década de 1970, um cantor russo lançou uma bonita música, com uma mensagem positiva: “Eu estou feliz porque estou voltando para casa”. 

No entanto, de acordo com alguns sites que noticiaram a morte de Eduard Khill, a letra era sobre a volta de um cowboy americano a sua amada. Em plena guerra fria, a censura da União Soviética teria impedido a canção. Eis que Khill, que não era nenhum pouco subversivo, decidiu  cantarolar.

Há dois anos, o vídeo caiu na rede e hoje, somado as diversas versões, possui mais de 23 milhões de acessos. Inclusive uma versão de dez horas, na qual a apresentação de 3 minutos é repetida mais de 200 vezes.  Esta para os fãs mais assíduos. Também tem uma versão de Silvio Santos interpretando o hit. 

Porém, é importante um aviso: depois de começar a ouvir, você pode se viciar. A música pode ser usada terapeuticamente, em momentos de estresse no trabalho. 


Eduard Khill não fez tanto sucesso na época, como agora. Também, não houve tempo para uma turnê mundial para trazer o trololó para outros países. De qualquer forma, ele está na memória cibernética, aquela que consagra e esquece de ídolos com a velocidade do clique. Mas também capaz de fazer um russo desconhecido, ser ouvido por todo o planeta. 

E que pode estar feliz, por estar voltando para casa. 

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