Um homem remexe
o lixo em busca de algo para comer. Com a barba grande, pele escura, roupas
surradas ele olha, revira um saco e mais outro, até que finalmente encontra uma
raspa de melancia. Um pedaço, uma fatia da casca verde com o restinho vermelho
na parte de cima.
Ele come. Tenta comer, tenta tirar o que é possível do alimento. Não é fácil, há muito pouco de útil ali naquele pedaço. O jeito é procurar mais.
Ele come. Tenta comer, tenta tirar o que é possível do alimento. Não é fácil, há muito pouco de útil ali naquele pedaço. O jeito é procurar mais.
A correria da
cidade não para enquanto ele está ali. No bar, alguns homens olham o jogo que é
transmitido, alguma partida da Europa que ninguém tem muito interesse. Quem trabalha
corre para fechar o expediente de quinta-feira. Levam processos, entregam
documentos e passam por tudo.
Assim como os motoboys, levam entregas importantes e correm para os bancos, exceto um deles: um motoqueiro que tem uma entrega especial.
Assim como os motoboys, levam entregas importantes e correm para os bancos, exceto um deles: um motoqueiro que tem uma entrega especial.
Ele para e, sentada na garupa, está uma mulher que traz uma caixa. Era um beruith de uma
dessas imensas redes de fast food no Brasil. Ela abre a caixa e chama o homem
que ainda está aproveitando o resto da melancia. Abre, mostra, entrega e a moto
parte.
Não houve um
obrigado, nem nada assim. O homem larga a melancia, se senta na calçada e come o lanche.
A caridade
registrada é mais uma das raras cenas do centro de São Paulo.
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