sábado, 20 de outubro de 2012

O primeiro café expresso


Algumas coisas deviam vir com instruções básicas, mesmo para o óbvio. Quem nunca passou por um mico com vergonha de perguntar como funcionava uma coisa que parecia simples?

Certo dia, um aprendiz de repórter foi fazer uma entrevista para o jornal universitário. Eis que a assessora simpática pergunta: “Quer um café?”. Claro. Sem dúvidas o garoto aceita, é um fã de café, toma vários copos por dia, nada como um para relaxar.




A moça da lanchonete traz a xícara e, ao lado dela, há algo. Tem um aspecto diferente do que o garoto já tinha visto. Ele fica pensando para quê serve aquilo. Será um torrão de açúcar, não, é diferente. Mas é um local elegante, pode ser que seja.


Ele procura na mesa algum açúcar ou adoçante e não encontra. Enquanto isso, a assessora traz a entrevistada e, ao invés de café, ela pede água. "Droga", pensa ele. Não tem mais ninguém para ele ver o deve fazer com aquilo.


Também é ruim no meio da entrevista, parar e perguntar: "Desculpe, o que é isso? Nunca tomei café com algo assim. Vim de outro mundo, me diga, para que é?"

O jeito foi experimentar: primeiro, um gole do café para ver se já estava doce. Não estava. A solução foi esperar um momento de distração e colocar o suposto torrão na xícara. Depois uma tentativa terrível de dissolvê-lo. A colherzinha de plástico veio, mas nenhum resultado. O café seguiu amargo e como estava amargo.


E a entrevista rolando normalmente. Em goladas cada vez mais difíceis e que pareciam não terminar, junto com pedaços de algo que ele esfarelou dentro do líquido e que não serviu de nada. Por fim acaba a entrevista. Ele agradece, e sai sem saber o que era aquele alimento. Na saída, percebe que outras mesas tinham açúcar e adoçantes que ele conhecia. 

Anos depois, um amigo o chamou para tomar café. Quando as xícaras chegaram, o colega pegou o "doce que vem como cortesia" e comeu com o café. Pelo menos, desta vez, o rapaz ainda não tinha esfarelado no café. 

Nenhum comentário:

Bem vindo

Aproveite para criticar, sugerir e ver a vida do modo diferente que ela merece.