segunda-feira, 29 de outubro de 2012

Lembranças de eleições

O tempo passa, mas o processo eleitoral continua o mesmo

Quando eu tinha seis anos, acontecia a primeira eleição da qual me lembro. Era, como neste ano, uma eleição municipal e na disputa da prefeitura de Osasco estava o então futuro prefeito, Silas Bortolosso, apoiado por Celso Giglio, que terminava seu primeiro mandato.

Em contrapartida, ao ligar a TV, não me lembro de nenhum deles. A única lembrança é de um evento de formatura do pré-escolar, em que as crianças da rede municipal recebiam um brinquedo e se divertiam no ginásio municipal, enquanto um palhaço entrava na quadra e cantava o slogan do candidato: "Silas é 14, Silas é 14, Silas é 14...".

A principal marca da eleição daquele ano foi ouvir um senhor ensaiando a frase "Se o Pita não for um grande prefeito, nunca mais vote em mim". Era a inauguração do malufismo na minha vida, mesmo sem ele nunca ter interferido realmente nesses últimos 20 anos da rotina de onde moro. Maluf que, por sinal, era o candidato preferido da família, apesar de muitos hoje não assumirem.

Pré-escola não teve votação. Nem por isso, ficou livre de santinhos.
Sem horário eleitoral na TV, moradores têm mais informações 
sobre a capital do que o pleito no qual votarão. 



No dia da votação fui em Jandira, onde meu pai votava, e fiquei muito contente em recolher santinhos na rua, fazendo uma enorme coleção. Era o divertido dia de pegar papelzinho e sempre de rostos diferentes. 

No ano de 1998, me perguntava porque alguém de oito anos não poderia votar, sendo que eu sabia, claramente, que o melhor candidato para governador era alguém que tinha sido prefeito de Osasco duas vezes, salve Francisco Rossi!

No entanto, não podia votar e a única coisa que me restava era voltar a recolher os empolgantes panfletinhos e ficar decepcionado ao saber que Rossi não iria nem para o segundo turno e que tinha ficado em quarto, perdendo até para Marta Suplicy.

Como o homem do VIADUTO METÁLICO, que pregava ter desativado a "mansão dos prefeitos" de Osasco para transformá-la em escola, perderia, sendo que estava a frente nas pesquisas? Impossível saber.

Em 2000, voltaram a concorrer os pretendentes a prefeitura de Osasco. Os dois principais candidatos eram Celso Giglio, novamente, e Emídio de Souza, nomes que se transformaram nas únicas escolhas dos últimos dez anos da cidade. 

Enquanto na TV, os personagens principais eram Marta Suplicy e novamente Paulo Maluf. A campanha da petista usou a frase sobre o Pita tantas vezes que ela é muito mais fácil de lembrar do que qualquer coisa dita na eleição osasquense.

Nomes que dominam a cidade na última década. PT e PSDB
seguem polarizando disputas

Celso Giglio voltou a vencer. Quatro anos mais tarde o mesmo quadro, porém, Emídio conseguiu assumir pela primeira vez a prefeitura de Osasco, o que se repetiu em 2008. Em São Paulo, José Serra assumia a prefeitura, para depois deixá-la nas mãos de Kassab, enquanto se tornava governador.

Hoje

Passados tantos anos, Francisco Rossi não existe mais politicamente e vê sua filha como principal esperança da família na cidade. Celso Giglio, disputa contra Jorge Lapas, candidato de Emídio (que assumiu após a saída de João Paulo Cunha) e outros cinco candidatos. Enquanto isso, na TV, sabemos muito sobre Haddad, Serra, Chalita e até sobre Levy Fidelix e Eymael. Candidatos que não tem nada ver conosco, mas ficam gravados em nossa memória.

Tanto que 149 mil pessoas votaram em Giglio, candidato que foi indeferido pelo Tribunal Regional Eleitoral e teve a condenação mantida pelo Tribunal Superior Eleitoral. 149 mil votos no lixo e o segundo colocado, Jorge Lapas, será o novo prefeito. Porém, o horário eleitoral, por enquanto, é destinado apenas a capital. 

Enquanto isso, os papeizinhos da minha infância permanecem os mesmos. Talvez para dar um ar de nostalgia, ou da falta de perspectiva que é o mundo político. 

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