quinta-feira, 8 de novembro de 2012

A coisa está feia

A coisa está feia”, inicia o senhor de 70 anos. “Ontem incendiaram um ônibus, fecharam as lojas, esse mundo está perdido”, afirmou sobre o que viu na TV na noite de segunda-feira. “Foram mais um monte de mortos. Os bares estão até fechando cedinho”.

E a coisa está feia mesmo pelas diversas regiões que envolvem São Paulo e seus vizinhos. Os assassinatos na madrugada assustam, principalmente, por virem sem aviso e sem um alvo definido, tirando os casos dos policiais mortos.


Além disso, a TV ainda assusta mais. “As ruas ficaram vazias por causa do toque de recolher de ninguém sabe quem”.  A tensão se propaga de bairro a bairro e, muitas vezes, com uma proporção maior que o real de sua região. Porém, realmente há uma situação de insegurança e os perigos, os incêndios em ônibus e os “motoqueiros fantasmas” atacam em ruas das mais variadas localidades.

“Você viu ali em cima, teve tiro aqui do lado. É o fim dos tempos, quando um mata o outro”, profetiza o senhor. No artigo “Tiros na Noite”do jornal Estadão, Guaracy Mingardi elenca os motivos que elevaram a criminalidade da Grande São Paulo: “Quebra das regras de convivência entre policiais e criminosos, que implica em que o criminoso que se rende vai preso mas não morre” e o “fim de um acordo insustentável entre a direção da segurança pública de São Paulo e o PCC”. (Vale a leitura: http://blogs.estadao.com.br/ocaso-policial/tiros-na-noite/)

Há uma guerra em São Paulo, sim. Há um confronto entre a polícia e o crime, com certeza e muitos mortos que não são os reais culpados, além de pessoas que se aproveitam para vingar disputas antigas, pois a culpa cairá em cima do PCC (Confiram também o texto http://www.vice.com/pt_br/read/exame-do-toque-de-recolher-bordas-de-osasco-e-carapicuba

Contudo, apesar dessas contestações, governo federal e estadual preferiram esperar a eleição passar, para resolverem seus interesses, e somente agora decidir se farão algo em conjunto. Alguns dias depois do pleito, Paraisópolis, Campo Limpo e Capão Redondo tiveram uma operação policial, por supostamente ter vindo dali a ordem.

Alguma posição tinha que ser tomada, mas não é estranho a resposta ter surgido tão rapidamente e as pessoas serem revistadas e saírem na TV como se fossem todos parte de uma organização criminosa? 

Encontraram uma carta do Primeiro Comando da Capital, dizendo que a ordem era matar dois policiais, por cada “comparsa” morto, devido às execuções cometidas pela Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (ROTA). Se a ordem veio de lá, porque somente depois de que dezenas de mortes ocorreram, começaram as investigações? O que a Rota responde sobre execuções?

Enquanto isso, os moradores só pensam em chegar mais cedo. E com razão. 

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