“A coisa está feia”, inicia o senhor de 70 anos. “Ontem
incendiaram um ônibus, fecharam as lojas, esse mundo está perdido”, afirmou
sobre o que viu na TV na noite de segunda-feira. “Foram mais um monte de
mortos. Os bares estão até fechando cedinho”.
E a coisa está feia mesmo pelas diversas regiões que
envolvem São Paulo e seus vizinhos. Os assassinatos na madrugada assustam,
principalmente, por virem sem aviso e sem um alvo definido, tirando os casos
dos policiais mortos.
Além disso, a TV ainda assusta mais. “As ruas
ficaram vazias por causa do toque de recolher de ninguém sabe quem”. A tensão se propaga de bairro a bairro e,
muitas vezes, com uma proporção maior que o real de sua região. Porém,
realmente há uma situação de insegurança e os perigos, os incêndios em ônibus e
os “motoqueiros fantasmas” atacam em ruas das mais variadas localidades.
“Você viu ali em cima, teve tiro aqui do lado. É o
fim dos tempos, quando um mata o outro”, profetiza o senhor. No artigo “Tiros
na Noite”do jornal Estadão, Guaracy Mingardi elenca os motivos que elevaram a
criminalidade da Grande São Paulo: “Quebra
das regras de convivência entre policiais e criminosos, que implica em que o
criminoso que se rende vai preso mas não morre” e o “fim de um acordo
insustentável entre a direção da segurança pública de São Paulo e o PCC”.
(Vale a leitura: http://blogs.estadao.com.br/ocaso-policial/tiros-na-noite/)
Há uma guerra em São Paulo, sim. Há um confronto
entre a polícia e o crime, com certeza e muitos mortos que não são os reais
culpados, além de pessoas que se aproveitam para vingar disputas antigas, pois
a culpa cairá em cima do PCC (Confiram também o texto http://www.vice.com/pt_br/read/exame-do-toque-de-recolher-bordas-de-osasco-e-carapicuba.
Contudo, apesar dessas contestações, governo federal e
estadual preferiram esperar a eleição passar, para resolverem seus interesses,
e somente agora decidir se farão algo em conjunto. Alguns dias depois do
pleito, Paraisópolis, Campo Limpo e Capão Redondo tiveram uma operação policial,
por supostamente ter vindo dali a ordem.
Alguma posição tinha que ser tomada, mas não é
estranho a resposta ter surgido tão rapidamente e as pessoas serem revistadas e
saírem na TV como se fossem todos parte de uma
organização criminosa?
Encontraram uma carta do Primeiro Comando da Capital,
dizendo que a ordem era matar dois policiais, por cada “comparsa” morto, devido às execuções cometidas pela Rondas Ostensivas Tobias Aguiar (ROTA). Se a
ordem veio de lá, porque somente depois de que dezenas de mortes ocorreram,
começaram as investigações? O que a Rota responde sobre execuções?
Enquanto isso, os moradores só pensam em chegar mais
cedo. E com razão.
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