terça-feira, 23 de março de 2010

Os CULPADOS por antecedência

Na década de 30, um assassinato parou a cidade de São Paulo. ‘O crime do restaurante chinês’ virou inclusive livro, descrito por Boris Fausto.
Os donos do estabelecimento e mais dois funcionários foram encontrados mortos pela manhã. Todos a pancadas, por bastões encontrados no local.
Passado alguns dias, a polícia já tinha um suspeito. Arias de Oliveira, ex funcionário dos chineses. O rapaz, que veio de Bauru para buscar uma oportunidade na capital, teria se chateado por não conseguir o emprego de volta. Ele havia se demitido para aproveitar o carnaval.
Por isso teria se vingado, matando tanto os chefes, quanto seus companheiros de trabalho.
Logo outras suposições surgiram, como uma tentativa de roubar os antigos donos, ou simplesmente ser um psicopata.
Jornais publicaram todas as possibilidades. O delegado dava como certo Arias como assassino. E através de exames periciais, famosos na época, definiram que ele sem dúvida alguma era o autor do crime. Arias teria até confessado, e uma testemunha veio do Rio, para mostrar que ele era um cara mau.
Mas os advogados de defesa contra-argumentaram, mostraram que as provas periciais, que identificavam psicologicamente eram contestáveis. E que a confissão foi conseguida de forma irregular. Arias foi absolvido pelo júri, pois não havia provas o suficiente para dizer que ele era o assassino.
O rapaz voltou ao interior, e nunca mais se soube dele.
Na década de 90 a Escola Base, seis pessoas tiveram suas vidas transformadas por denúncias não comprovadas e dadas por grande alarde pela imprensa.
O casal Nardoni, desde o início, foi tratado como culpado. Muitos de nós, desejam muito acreditar que um pai não é capaz de matar uma filha. Só que a verdade foi feita, talvez, sem que possa ser considerada totalmente verdadeira. A defesa vai abusar negar todas as provas e mostrar contradições. Caberá a pessoas comuns definir.
Nunca antes na história desse país, tantos jornalistas, policiais, estudantes, pessoas se mobilizaram para o julgamento de duas pessoas. Podem ser monstros podem, mas vale a pena toda essa monstrificação. Mas faz parte, eu também quero saber o final. Embora esse final já está feito. Inocentes ou culpados. Seja o que for. A vida de todos eles já acabou.

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