segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

Janeiro: o eterno mês de recordes de chuva

Qual a diferença deste janeiro para o janeiro do ano passado?


Foto: Cleber Arruda - Destruição no Jardim Damasceno, zona Norte de São Paulo. Blog Mural - Folha de S. Paulo: http://migre.me/3HSyJ


Mais uma vez, janeiro abre a temporada de tragédias, principalmente com relação às chuvas. Interessante é perceber que todos os anos a previsão está “acima da média” e ouvimos que choveu “metade do esperado para o mês” em uma noite, e essa é sempre a justificativa para entender as causas para tremendas tragédias.

Mas afinal, qual é o limite, de onde estão partindo essas previsões que não conseguem medir o aumento do volume de água, e muito menos alertar a sociedade a tempo de desastres como aconteceu, de forma mais contundente, no Rio de Janeiro.

Serviço Público?

As emissoras passam constantemente as imagens de todas essas tragédias, e muitas vezes, questionamos se é a melhor forma de fazer uma boa cobertura, ou se tudo não passa de sensacionalismo.

No entanto, às vezes realmente vale. Um exemplo são pessoas que deixaram suas casas que estava em área de risco. Mas isso, só depois que o helicóptero da Band mostrou uma casa desmoronar durante mais de duas horas. Por mais que não seja a melhor forma, pareceu ter prestado o tal do serviço público que é fundamental.

Como foi ano passado

Para ilustrar o mês de chuvas, comparei o texto do fim de janeiro do ano passado com a situação deste mês, apenas para reflexão:

Trechos do texto: Janeiro: Tragédias e quem sabe, um pouco de solidariedade – 01 de Fevereiro de 2010.

1)
Ninguém quer mais saber de chuva.
São Paulo não ultrapassou o recorde histórico de chuvas em janeiro por apenas 9mm. Já foi demais.

As mortes, os desastres, os desabamentos e o congestionamento diário fizeram da cidade um grande piscinão. O Jardim Romano segue a praticamente dois meses alagado.

Em 2011: Os problemas do Jardim Romano foram sanados. O investimento em piscinões parece ter surtido efeito e foi exaltado pela prefeitura. No entanto, bairros próximos, como Itaim Paulista, ainda sofrem com os problemas das enchentes.

2) Muitos moradores ainda não receberam o auxílio da prefeitura.
O prefeito Gilberto Kassab congelou R$ 25,6 milhões destinados a obras nas áreas de risco. Provavelmente a cidade não precisa.

Este ano: Ano passado, segundo matérias publicadas em jornais de São Paulo, a prefeitura transferiu verba do que seria investido em obras antienchentes.

3) As represas estão no limite. Parece que foi ontem, existia um racionamento de água, porque as represas estavam no mínimo de sua capacidade. Hoje, todas estão na capacidade máxima, logo, deveremos ter programa para gastar mais água.


Contudo, mesmo com os excessos de chuva, milhões ficaram sem água por danificações ocasionadas pelas tempestades.

Em 2011: Desta vez, o aumento da água nos reservatórios obrigaram a SABESP a abrir as comportas e liberar uma quantidade extremamente maior de água na Represa Paiva Castro. Resultado: Franco da Rocha foi coberta por uma das piores enchentes da história.

4) “Tenho carro, propriedade, tudo pago. Debaixo d’água. Vou culpar prefeito, governador, presidente? Quando Deus quer as coisas, ninguém desmancha”. Antonio Siqueira, morador do Jardim Romano ao “Jornal Estado de São Paulo”.

Em 2011: Para quem não tem onde morar, explicar que a pessoa está em situação de risco não deve ser fácil, principalmente, se não houver nenhum apoio para a retirada. Fato que parece acontecer em muitos pontos.

5) Rio de Janeiro
Várias pessoas mortas em Angra.

Em 2011: Infelizmente, este ano a tragédia carioca se tornou a maior da história com mais de 600 mortos, com possibilidade de ser contabilizados mais de 1000 mortes até o fim dos serviços de resgate.

Será que é tudo tão imprevisível mesmo?

Final do texto do ano passado e que sempre vale: Alguns ajudam, alguns fecham os olhos como sempre fazem. Outros piores já começam as campanhas eleitorais.

Tragédias trazem sempre aquela comoção natural e o espírito solidário. Quem sabe também um pouco de conscientização também venha junto, e lixo vá paro lixo, e todo aquele papo que todos já ouvimos.

Mas hoje, além da conscientização, a ação precisa ser rápida. A falta de planejamento e a ocupação irregular mostra que cada vez mais vidas serão levadas se nada for feito.

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