domingo, 24 de outubro de 2010

Ministério não deve intervir em federações

Orlando Silva diz que é preciso persuadir, mas que ministério não deve interferir nos atuais presidentes de confederações

Ricardo Teixeira é presidente da Confederação Brasileira de Futebol (CBF) desde 1989. Carlos Arthur Nuzman é presidente do Comitê Olimpico Brasileiro (COB) desde 1995. Além das sucessivas reeleições que os colocam no poder das duas entidades mais importantes do esporte no país, o que eles têm em comum? Só vão sair quando quiserem, ou quando alguém de dentro das confederações decidir fazer isso.

Segundo o Ministro do Esporte, Orlando Silva, não cabe ao ministério intervir dentro dessas instituições. “Chegar a esse ponto seria algo muito perigoso para a democracia”, afirmou. Ele ainda explica que desde a constituição essas entidades têm autonomia. “Sou a favor da mudança dos dirigentes, como por exemplo, no Corinthians, onde não tem mais reeleição. Mas tem que vir de dentro, não cabe ao ministério interferir.”

As afirmações foram feitas em debate realizado no Jornal Folha de S.Paulo, nesta semana, sobre as Olimpíadas e a Copa do Mundo 2014. Orlando estava ao lado do Presidente do Sindicato da Construção Pesada (Sinicon), Luiz Fernando Santos Reis, e conversou com os jornalistas Juca Kfouri e José Henrique Mariante.

A afirmação de que o ministério não devia mexer na direção das entidades levou a revolta de algumas pessoas da plateia. "Me admira muito você ser do partido comunista, sendo tão liberal. Você não tem nada de leninista, stalinista e trostkista, acho que está no partido errado", disse um espectador. O ministro o escutou e respondeu pacientemente. "Sou comunista, graças a deus... mas nem sempre as minha posições pessoais devemos impor em uma democrácia".

Seguem alguns pontos abordados:

Copa 2014

Orlando Silva garantiu que tudo está sendo feito para que o evento seja realizado de forma transparente. "Todos assinaram um compromisso que tudo que é gasto tem que estar divulgado na internet, para facilitar a fiscalização".

Sobre os estádios, ele acredita que o país escolheu bem as doze sedes, tendo em vista o avanço que certas regiões terão. "É uma visão de país, para impulsionar a economia do Brasil como um todo", explicou com relação ao estádio em Cuiabá e Manaus, apontados por alguns como possíveis elefantes brancos, por serem de regiões sem tradição no futebol.

No caso da cidade de São Paulo, ele admitiu que a disputa pelo estádio se tornou algo político. "A discussão acabou virando não uma briga pela cidade e, sim, uma briga do São Paulo Futebol Clube". O presidente do Sinicon, Luiz Fernando Santos Reis, afirmou que as exigências que a Fifa impôs foi o principal problema. "São encargos que inviabilizam praticamente todos os estádios".

Críticas e elogios


Os jornalistas e a plateia questionaram os problemas ocorridos no Panamericando de 2007, no Rio de Janeiro, como a obra do estádio do Engenhão. "Um estádio que foi orçado em 65 milhões e gastou mais de 380 milhões, e fazem só três anos que aconteceu o Pan. E o Engenhão nem é cotado para ser um estádio da copa", acusou Juca Kfouri. O ministro colocou a culpa no ex prefeito do Rio de Janeiro Cesar Maia pelos problemas no projeto.

O aspecto louvável ao ministro foi o acordo feito entre a Petrobrás e o Ministério do Esporte, que injetou recursos (mais de 20 milhões) que serão administrados pela ex jogadora de basket, Magic Paula, e não pelo presidente do COB Carlos Nuzman.
Segue o debate na portal da Folha: http://migre.me/1KAGg

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