sexta-feira, 1 de julho de 2011

Contra o frio, nada como o aconchego do transporte público

Reprodução: O aconchego do transporte.

Terça-feira, dia 28, o mais frio do ano. Os termômetros marcavam 6º C às cinco horas da matina. Desde 2003 não ficava tão frio durante a madrugada. Alguns lugares de São Paulo chegaram a apontar 2,3 ºC. Estado de emergência na cidade.

Mas, como enfrentar esse frio? Que tal, o transporte público?


5h30. Na estação Comandante Sampaio, os trabalhadores esperavam pelo trem com destino a Barra Funda. As pessoas com três blusas ou mais se encolhiam ao longo da escada que dava acesso a plataforma. Frio.

5h40. Ainda no aguardo do trem, a plataforma fica mais cheia. Os ônibus despejam mais e mais pessoas para o início da rotina. A estação é ainda mais fria e tem poucos bancos. Muitos optam pelo chão, ou ficam dormindo em pé mesmo.

5h50. O trem está atrasado, não há o que contestar, mas deve chegar a qualquer momento. A temperatura ainda não melhorou.

5h55. Chega o trem. Lotado, ou melhor, superlotado. As pessoas tem a opção de tentar entrar, ou esperar o próximo. Caso demore muito, o atraso no trabalho será ainda maior. Alguns poucos decidem tentar, afinal, dizem que sempre cabe mais um. Ao conseguir se espremer, a porta fecha. Abre. Fecha. O maquinista avisa: “Favor não segure as portas”. Porém ninguém pode lhe responder pessoalmente: “Favor, não atrase de manhã, tenho horário pra chegar”.

O trem começa a andar... em velocidade reduzida.

6h05. Estação de Osasco. Muitos descem no centro da cidade. Outros sobem, mas já é possível movimentar os braços. Ele anda novamente, só que mais uma vez, lerdo, lerdo.

6h10. Presidente Altino. Muitos esperaram pelo trem que estava atrasado, e ninguém quer ficar de fora. Ninguém fica. Aquele frio sentido no início na plataforma? Passou. Contra baixas temperaturas, nada como um trem bem cheio. O aconchego espanta qualquer frio.

O trem começa a andar rápido.

6h15. As pessoas seguram nas barras de segurança. A coluna dói, pois um braço está forçando suas costas, e outro está a frente também atrapalhando, e é impossível se mover. Mas é melhor agradecer: Pelo menos você tem um pouco de chão. Por enquanto.

6h25 Estação Barra Funda. Hora do “estouro da boiada”. As pessoas correm, parecem felizes, pois encontraram a liberdade contra a repressão. Vão com todo o ímpeto em busca da escada rolante. Nesta plataforma só são duas delas, o que faz com que todos se amontoem, se empurrem, se amassem mais um pouco. Para quem precisa estar às 06h30 no centro de São Paulo, é preciso correr para o metrô. Mas é só o começo de mais um dia.

O frio? Que frio?

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