sábado, 21 de maio de 2011

Coisas Centrais 2

Os artistas que fazem o centro de São Paulo ainda mais original


(Foto: Paulo Talarico)

Quem anda pela Praça Antônio Prado, não deixa de reparar no tumulto e movimentação da hora do almoço, nas engraxatarias que fazem do local algo tão peculiar, na banca de jornal com ar clássico e com os variados tipos de serviços, os restaurantes e, se fechar os olhos, o som de algum músico que se apresenta no centro paulistano.

Um deles é Toninho Nascimento. Pouco à pouco, os andantes param ao seu redor para curtir um pouco de música popular brasileira. Mas ao observar as pessoas, você percebe que algumas são velhas conhecidas do cantor. Algumas, inclusive pedem autógrafo, ao fim de mais uma canção. No entanto, logo se sabe, ele não é um anônimo. Já participou de um programa de TV.

A artesã Rosa Maria, de 51 anos, vem da cidade de Ribeirão Pires para acompanhar o artista, e acredita que talentos como Nascimento deveriam ter mais espaço. “Ele começou aqui no centro. A música está um pouco esquecida, alguém tem dar uma oportunidade.”

Já a aposentada Dione Rios explica que conforme começou a acompanhá-lo passou a ter maior afinidade com o artista. “Eu e meu marido torcemos tanto quando ele estava no programa (ele participou durante 33 semanas do Programa Raul Gil, ainda na TV Record). Daí, a gente começou a ficar amigo. Eu gosto muito de música.”

Mas, além dos conhecidos, existem quem não conhece o artista. Àqueles que não se aproximam do cantor, e a principio estão apenas de passagem. Um deles, um senhor, o qual aparentava mais de 60 anos, se emocionava. Ele ouviu, ficou comovido, demonstrava se lembrar de algo que lhe trouxe muita felicidade, e pareceu não ter mais lágrimas para descrever a alegria que tinha ao acompanhar a sintonia do cantor.


Mesmo assim, não levou nem o CD ou DVD à venda no mesmo local. Só foi embora, e com um olhar, agradeceu as lembranças retomadas.

Sertanejo

Menos de 200 metros depois, você encontra outro cantor. Dessa vez o som é sertanejo e o cantor Fabiano Martins tem direito até a dançarina. Ritinha, que faz seu fã clube. O público chega a ser maior do que da Praça Antônio Prado, no entanto é mais passageiro.

Contudo, o cantor consegue mostrar seu sucesso e faz, inclusive, parte de uma antiga briga do centro da cidade. Ele entrou na justiça para ter o direito de cantar no local. Os questionamentos da Prefeitura são seus amplificadores de som que incomodariam os comerciantes da região. Foi parar no Supremo Tribunal Federal. Mas ele segue cantando, e bem alto "Tá se achando, gostosa, o mulherão...

Cantores nordestinos na Praça da Sé

A Praça da Sé em termos de arquitetura é uma das mais belas. Mas também é nela em que os moradores de rua encontram um último abrigo, durante o dia. Também nela, por vezes aparece a banda nordestina Luar do Sertão. São cinco integrantes, com sanfona, triângulo, chapéu característico, roupa sertaneja, e tudo com a maior boa vontade.

Uma pessoa passa e avisa: “A TV está ali! Vão lá se apresentar!”

O líder da banda, que já havia colocado o chapéu no chão, recebe sua primeira moedinha e desabafa. Depois de cantar “Asa Branca” ele fala da desilusão da fama. “Já fui em um programa na televisão e não ganhei nada. Prefiro ficar por aqui, com quem gosta da gente e nos ajuda de verdade”, encerra.

Um comentário:

Anônimo disse...

Parabéns, Paulo

Está bacana a sua percepção do centro. Jornalista bom é assim, no lugar em que está consegue enxergar algo novo.

Patrícia Silva

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