Aos três minutos do
primeiro tempo, Paulo Miranda, zagueiro do São Paulo, contratado no início do
ano do rebaixado Bahia, começava uma tarde pouco inspirada. Ao tentar marcar o
razoável Alan Kardec, deu um carrinho que acertou apenas o atacante. Pênalti. O
lance tão cedo, só serviu para chamar Neymar para ser, mais uma vez, o
diferencial em uma partida de futebol.
Sem firulas, como
costumava fazer em Rogério Ceni, o atacante bateu alto e fez um a zero, abrindo o
placar das semifinais do Campeonato Paulista, em pleno estádio do Morumbi.
A chuva que caia não
atrapalhava a correria e a vontade de infernizar Paulo Miranda, Rodolfo e,
principalmente, Piris.
O lateral-direito já o marcou em outras oportunidades e foi bem sucedido. Porém, ontem Neymar estava “naqueles
dias”.
Driblou para a direita, fintou para a esquerda,
passa o pé em cima da bola, arranca para a direita, corta de novo para a esquerda,
enquanto Piris segue no encalço. Mas um drible para a esquerda, tentou para a
direita e ai tomou a falta. Ele deu no meio do Neymar depois de tantas fintas.
Neymar é provocador, é
marrento, moleque e outros adjetivos. Mas o que impressiona é que ele pode ser
isso. Ele não foge quando a porrada aperta, e não se cansa de ir atrás de dar
mais uma finta. E o mais complicado – para os adversários - ele ainda parte pro gol. Como no segundo,
ainda no primeiro tempo. A defesa tirou nos pés de Paulo Henrique Ganso – um jogador
de poucos toques na partida, mas muito resultado - que lançou Neymar. Ele correu mais rápido do que Paulo Miranda, ficou cara a cara com
o goleiro e... não dava para ninguém.
Um time que vence por 2 a
0 no primeiro tempo parece sempre ter
ampla superioridade. Mas não. O São Paulo estava no ataque, pressionava. Mandou
uma cabeçada na trave com Paulo Miranda. Lucas tentava, Jadson também, mas parece
que aquilo que um jogador normal demora muitos minutos para conseguir, é
simples para Neymar. Dois toques e tudo resolvido.
Na segunda etapa, logo no
início, Denis espalmou nos pés do garoto. O gol estava livre, aberto, era só
fazer. Mas era muito fácil pra ele. Mandou na trave, também graças a defesa que
chegou para atrapalhar. No entanto, um lance como este que pode deixar marcas
na carreira (como aconteceu com o experiente David, atacante do Flamengo e que recentemente errou um gol feito em
clássico contra o Vasco), não é nada para Neymar.
Ainda houve tempo para o
São Paulo diminuir com William José, crescer no jogo, pressionar. Mas em um lance, fim da esperança. Neymar recebeu na entrada da grande área e bateu no meio do
gol. A bola veio queimando e Denis espalmou para o alto. Só que ela não subiu o
bastante. Até sorte o garoto tem. 3 a 1.
“O jogo está definido?” perguntou o locutor. “Está sim, a não ser que tirem o Neymar de campo, para igualar um pouco.”
Há dez anos o São Paulo não
elimina o Santos em torneios eliminatórios. Santos de moleques que atormentam uma geração boa do
tricolor. Primeiro Diego e Robinho, agora Ganso e, principalmente, Neymar. Mas,
não foi demérito algum perder de Neymar. Se o São Paulo tivesse Luis Fabiano, compondo um ataque mais experiente, poderiam ter feitos os vários gols perdidos do jogo.
Ao São Paulo resta a Copa do Brasil, na qual é sem dúvida
favorito. Enquanto o garoto será tri campeão Paulista, algo que o Santos só conseguiu nos tempos de Pelé.
No fim da partida, o
treinador Émerson Leão cumprimentou-lhe e deu algum conselho, ou puxão de
orelha. Mas ele leva na boa. Abraçou a todos, pareceu respeitar os adversários e que as
provocações do moleque são do jogo, e só no jogo.
Antes de terminar a semifinal, ele arrumou
uma expulsão de Casemiro, que fez falta por trás e ganhou o segundo cartão amarelo. O
tricolor foi tirar satisfações, ao que o moleque respondeu: “Tchau e bênção”.
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