Um bolo. Para fazer é preciso comprar os ingredientes, seguir uma receita, colocá-los na medida certa, misturá-los, pôr na forma, depois levar ao forno, cobrir (desde que seja um pouquinho mais caprichado), e finalmente servir na mesa. Sem contar que ainda é preciso lavar tudo, pois esse trabalho faz uma baita sujeira.
Um trabalho que durou algumas horas do dia para se ver o resultado. Eis que chega a visita, experimenta em poucos minutos, e ainda diz: “Ficou um pouco seco né?”
Assim como a vida de uma boleira é a vida do jornalista. Mas não leve a mal. Primeiro de tudo, selecionamos as fontes e informações (ingredientes), ouvimos as várias versões, identificamos o que é verdade e o que não é, para finalmente misturar os dados (escrever, editar, narrar- dependendo da mídia em que sairá a matéria) e enfim, finalizar a matéria.
E essa apuração que levou horas, dias, semanas, ou até muito mais do que isso, é lida em alguns minutos, assistida em poucos instantes, para que ainda surjam comentários do tipo: texto ruim, não gostei da matéria, ou pior, “não gostei do título, vou para a próxima.”
Dramas jornalísticos são os melhores
Muitos dos melhores filmes de comédia, nos últimos anos, têm tratado dos dramas vividos na profissão. Parecem ter encontrado uma medida certa de comédia e drama, devido os tamanhos problemas que enfrentam esses batalhadores da área.
Recentemente foi lançado o filme “Uma manhã gloriosa” que mostra a vida de uma produtora com a difícil missão de levar um programa matinal fracassado crescer em audiência. A forma encontrada: uma boa dose de sensacionalismo, um pouco de humor e uma total repaginada.
O programa de conteúdo jornalístico se torna um show com os repórteres participando das maiores atrocidades. Muito acaba parecido com o movimento em que jornais da TV brasileira estão entrando, mesclando o humor com conteúdo. No filme, o grande problema da produtora é o âncora, que faz da sua vida um inferno.
O filme é da mesma autora de O Diabo Veste Prada, outro longa que mostra uma iniciante na profissão, que aguenta sua terrível chefe para seguir na profissão, enquanto não consegue uma vaga em que seja melhor utilizada.
Por fim, só para finalizar uma pequena lista, o filme Marley e Eu, um dos mais famosos longas a tratar do “melhor amigo do homem”, foca muito na vida dos donos. Um casal de jornalistas que acaba deixando um pouco do que gosta para se dedicar a família. Carreira ou família, ser colunista ou jornalista, o que paga mais?
Parabéns. Todos esses são apenas alguns dos desáfios e questões que fazem dessa profissão uma “metamorfose ambulante” (diria Raul Seixas) uma área sem certezas. Ainda tem a questão ética, a dificuldade de sobreviver, como não deixar sua fonte te dominar, a pressa, a exigência de publicar de imediato, a notícia em primeira mão, etc...
Porém, é essa ampla gama de opções que fazem do jornalismo uma profissão tão apaixonante.
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