Embora seja uma foto comum quando um presidente assume o comando, a imagem dos ministros se tornou mais importante do que as realizações do governo
A primeira mulher presidente do Brasil assume o governo. O dia 1º de janeiro causa ansiedade. A cerimônia de posse é bonita, tem música, confraternização, discurso e ... fotos. Dentre elas, a imagem da equipe de ministros, o time montado para fazer com que os quatro anos de governo sejam positivos para o Brasil.
O problema é que ao contrário do futebol, em que os atletas posam apenas quando o time está perto de ganhar o campeonato, no caso do governo, a foto é tirada com antecedência, na estreia, e significa que daqui a quatro anos, ela ainda estará lá, bonita, com todos os que começaram. E o pior: com os que não ficaram no governo.
E Dilma Rousseff caiu nessa armadilha logo no primeiro ano. Com um governo formado para agradar os partidos que a apóiam e com o aval do ex-presidente Lula, a nova comandante posou ao lado de 38 pessoas que, talvez, não fossem de sua preferência.
A imagem dela com os novos ministros foi usada constantemente e publicada a cada denúncia de corrupção, a cada escândalo envolvendo ministro e a cada possibilidade de demissão.
Ou seja, mais do que mostrar a presidente em inauguração de obras, de realizações do governo ou de ações efetivas, ela apareceu constantemente junto àqueles que, pouco a pouco, foram ficando embranquecidos, apagados e sem cargo.
Sete deles pediram demissão por livre e espontânea pressão. É difícil lembrar de todos: Antônio Palloci (Casa Civil), Alfredo Nascimento (Transportes), Lupi (Trabalho), Orlando Silva (Esportes), Wagner Rossi (Agricultura), Pedro Novais (Turismo) e Nelson Jobim (Defesa – este caiu por criticar o governo).
Pela honra
Alguns dos denunciados disseram que saíram para defender a honra, outros para não ser crucificados ou atrapalhar o governo e todos sempre se disseram inocentes. Por debaixo deles, verbas destinadas para organizações fantasmas, serviços contratados que não foram feitos e dinheiro público para lá e para cá.
Porém, para eles, a queda significou a perda de status. Depois de entregarem as cartas de demissão, as investigações acalmaram, a vontade da imprensa em saber o que aconteceu também diminuiu, o dinheiro desaparecido perdeu o interesse e esses políticos logo encontram um outro caminho para voltar ao poder.
Já a foto para Dilma, sempre estará lá. Ela sempre será lembrada de que foi responsável por aceitar essas nomeações. Embora ela possa não ter culpa do que os comandados possam ter feito, se rodiar de pessoas não confiáveis e sem capacidade para certas funções também foi um erro crucial.
Outros ministros também sofreram acusações, mas ainda aguentam nos cargos. Será que até o fim do ano?
No fim de dezembro, a presidente fará uma reforma ministerial, com a exclusão de algumas pastas e a substituição de outros cargos. Mas algo para que ela pense: Será que é bom sair ao lado de todos?
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