quarta-feira, 14 de março de 2012

Menos de cinco meses depois de ministro assumir, Ricardo Teixeira deixa a CBF

Quando lhe perguntam sobre Ricardo Teixeira, Aldo Rebelo vai longe, bem longe. Lembra-se de que desde a última constituição, de 1988, o governo perdeu o direito de intervir em federações. Ele inclusive lamenta esse fato. Mas, ao mesmo tempo, não fala abertamente sobre o homem que investigou na CPI – CBF Nike.

Ministro do Esporte, Aldo Rebelo, evita falar de Teixeira. (Foto: Jorge da Matta


Enquanto Ricardo Teixeira ainda permanecia no poder da Confederação Brasileira de Futebol (CBF), mas dando sinais de que poderia deixar o cargo, o ministro do Esporte participou de uma sabatina do jornal Folha de S. Paulo. Habilidoso com as palavras, o ministro saia de mansinho das principais críticas ao governo e a maneira como a copa está sendo levada.

“Se um time da terceira divisão da Alemanha tem um estádio, porque que um dos maiores times do mundo não pode ter. Mesmo que seja com incentivo público”, mencionou sobre o estádio corintiano, apesar de ser palmeirense fanático.

Para ele as arenas da copa são “bens que vão ser úteis para a cidade” e por isso devem receber incentivos, como outros setores recebem. Inclusive, a melhora na infraestrutura poderia aumentar o público nos estádios brasileiros. “Com a qualidade da infraestrutra que nós temos dá para aumentar a média e criar atrativos.”

Mas Rebelo parece integro. Alagoano mantém a voz calma que, poucas vezes se altera, entende dos desafios do Brasil. Quando provocado sabe se defender. O que há de comunista no partido comunista? "Hoje é o questionamento do sistema".

Chute no traseiro

Um dia depois da entrevista, ele teve que lidar com as críticas de um certo Jerome Valcke, secretário geral da FIFA, que reclamou dos atrasos e sugeriu o tão comentado “chute no traseiro” para acelerar os brasileiros.

E o país que sempre vinha aceitando as críticas de forma calma, reagiu. Foi enfático, cortou as relações com o dirigente e só voltará ao normal quando o presidente da entidade, Joseph Blatter se encontrar com a presidente Dilma Rousseff.

Aldo Rebelo assumiu o ministério dos esportes depois que seu antecessor, do mesmo PC do B, Orlando Silva sofreu diversas denúncias de irregularidades em um programa da pasta. O dinheiro levado para organizações não governamentais, que ajudariam crianças a entrar no esporte, teria sido desviado para membros do próprio partido.

Orlando caiu junto com outros ministros que também sofreram denúncias. Aldo Rebelo assumiu e cancelou os contratos das ong’s, mas sem estardalhaço.


“A bebida alcoólica é uma discussão antiga, desde a santa ceia”, Aldo Rebelo sobre a Lei Geral da Copa.

Agora, com a queda real de Ricardo Teixeira e a saída depois 23 anos ininterruptos de poder, Rebelo fez questão de dizer apenas que a alteração não vai mudar a execução dos planos para a copa do mundo.

Ele não reclama daquele que teria censurado um livro seu sobre as irregularidades no futebol brasileiro (segundo o jornalista Juca Kfouri). Ele não achincalha em cima de um homem que assumiu em 1989, graças à benção de seu sogro, o poderoso João Havelange, que presidiu a FIFA por mais tempo que isso. Ele parece indiferente ao fim de uma história  que, ao lado de títulos da seleção, escondeu os malefícios sofridos por clubes brasileiros. Também por culpa dos clubes.

Mas qual foi a real influência de Aldo Rebelo como ministro do Esporte e Dilma Rousseff como presidente da República em relação a Ricardo Teixeira sair da CBF? É algo que parece ser bem maior do que problemas de saúde. 

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