João Manuel andava com seu caminhão no meio de uma avenida
importante. Não era um veículo daqueles. Com as rodas em estado complicado, sem passar no mecânico há anos, fazia muito barulho enquanto andava pelas vias da cidade. Muitos o criticavam e tinham até
receio de andar dentro daquele monte de ferro.
A culpa não era do caminhãozinho que bem cuidado seria até
bonitinho. Mas o desleixo de João Manuel o deixava mal, desbotado, com fumaça
saindo para todos os lados e vários problemas.
O que João não esperava é pela blitz que o aguardava no fim
da avenida importante.
― Vamos ter que dar uma olhada no seu caminhão.
― Sem problemas seu guarda.
João Manuel não era má pessoa. Seu maior defeito era
justamente o desleixo com seu veículo. Usava-o para fazer entregas e mudanças e
ter um 'ganha pão'. Não ambicionava muito e nem imaginava ter um caminhão muito
melhor.
― Olha aqui está errado. Aqui também. O seu retrovisor não
funciona, parece que você não fez inspeção ambiental, e o pneu está liso também
né?
― É né seu guarda, está né...
― Bom isso também dá uma multa, mais as outras e, também, a
carteira, deixa eu ver.
― Seu guarda, você acha que se eu vender o caminhão, eu
consigo pagar todas essas multas?
O policial não era dos maus. Estava naquele dia de apenas
cumprir seu papel com a sociedade. Sabia que de nada adiantaria tantas
multas e que elas apenas deixariam mais difícil a vida daquele senhor.
― Vamos fazer o seguinte: eu vou multar só os pneus, anoto
aqui os dois, mas o valor é o mesmo que um. Daí o senhor não se complica tanto.
Tudo bem? ― disse num tom que mostrava compreensão. ― Pronto, pode ir.
Seu João Manuel ficou feliz e ficou comovido com a ação. Afinal, uma boa alma tinha
encontrado em seu caminho. Mas ele era um trabalhador sério, que não se abate nem se deixa levar pela emoção.
Sem constrangimento, ele encerrou sua
passagem com um pedido de ajuda:
― Obrigado seu guarda, mas tem uma coisa. A partida está
meio ruim, será que você não me ajuda a empurrar?
― Ainda tem essa...
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