segunda-feira, 26 de março de 2012

Em São Paulo, é possível fechar as ruas para a prática esportiva

Todos os domingos, a Rua Puruba, no Jardim Ângela, zona sul de São Paulo, tem cavaletes colocados em um trecho da via. Ao invés de carros e do trânsito, o que se vê, são crianças e adolescentes que jogam futebol. A brincadeira de rua está presente em diversas cidades do Brasil e são, muitas vezes, o primeiro passo para o mundo da bola, ou apenas uma diversão a mais.

Jovens em Guainases aproveitam rua fechada (Foto: Fernanda Kanasiro)

A diferença da Rua Puruba é que os cavaletes fazem parte de um projeto nas denominadas “Ruas de Lazer”, programa que incentiva a prática esportiva próximo das residências.

Na capital paulista é possível conseguir o benefício. Os moradores precisam fazer um abaixo assinado, com a assinatura de 70% dos habitantes do local, e encaminhar para a Subprefeitura da região. A ideia é analisada junto com a Secretaria Municipal dos Esportes e da Companhia de Engenharia de Tráfego (CET). Depois, são disponibilizados materiais esportivos, além de sinalização para bloquear a via.

A iniciativa funciona aos domingos e feriados, das 09h às 17h, como acontece na Rua Cauã, uma das 28 ruas de lazer da região do Campo Limpo, também na zona sul da capital. O prensista José Salvador acredita que a implantação é positiva. “Ficou melhor, pois aqui passavam muitos carros. [A rua] servia para cortar caminho”, diz.

“O pessoal sempre joga bola na rua, e quando fechou, melhorou para as crianças”, afirma o morador Fernando Lopes que destaca a importância para a comunidade da Rua Caraunália, no mesmo bairro.  No entanto, ele reclama dos equipamentos disponibilizados, que não tem sido renovados pela prefeitura.

As principais vias a receber o benefício se encontram nas periferias da cidade. São lugares com menor circulação de veículos e próximo da moradia dos usuários, o que se torna um benefício.

“Quanto mais o meio ambiente próximo à criança oferecer meios para a prática de atividades físicas e esportivas, maior será o número de estímulos que ela receberá, o que só pode colaborar para o seu pleno desenvolvimento”, explica a doutora em Ciências do Esporte pela Universidade de São Paulo (USP), Maria Tereza Bohme.

Mas é preciso empenho para manter uma rua de lazer. Segundo a Secretaria Municipal de Esportes, Lazer e Recreação de São Paulo são aproximadamente 1.000 locais com esse formato na cidade. Porém, apenas 30% funcionam efetivamente, devido à falta de comprometimento dos usuários.

Para a doutora em Educação pela USP, Flávia da Cunha Bastos, o Estado deveria capacitar os moradores para que eles mesmos organizem as atividades de forma independente. “Acredito que seria papel do poder público oferecer meios para que o grupo social adquira autonomia para gerir e desenvolver a rua de lazer sem a dependência de uma determinada administração municipal”, analisa.

Matéria publicada originalmente no jornal Expressão, da Universidade São Judas Tadeu, em 2011.

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